quinta-feira, 21 de julho de 2011

Pai...

Dor que consome... vazio inflado, Pai...
Dor...
Dor de saber que sou impotente diante do destino
e menino... choro em silencio
choro protegido por uma máscara que me queima a face.
Pai...
Eu, criança e ancião... talvez quem sabe tem razão aqueles hipocritas que dizem ser eu filho do Demônio
Não... não existe demonio além daquele que está no coração do homem....
E por falar em coração...
Pai...
choro em silêncio por ti cercado da dor de momentos que minha cabeça nunca escqueçe...
Juntos limpamos o sangue de minha mãe... que manchava as paredes do quarto... o cheiro ferruginoso dos coágulos era insuportavel... tive ânsia de vomito... mas lembrei que era sangue de minha mãe que limpavamos... imagem morbida que me violentou as retinas numa lembrança de dor que me segue a tempos...

Sim, Pai... ajudamos minha mãe... salvamos e ainda outras vezes em outras ocasiões... sob preço da dor de uma memória que compartilhamos...
Pai...
minhas memórias de ti nem sempre são boas...
na verdade são sempre fortes como daquela vez que o muro da parede do quarto cedeu diante várias colisões de tua ira em veiculo motorizado...
o impacto... a impedãncia... o chão tremia... o inferno parecia bater nas portas do mundo pedindo para entrar e destruir tudo com sua ira e seu fogo...
Pai... sofro... com vc... e muitas vezes sofro por vc...

Entre as coisas que me motiva nesta vida, está minha colaboração para criar meu próprio destino é não ser para minhas filhas o pai ausente que tu me foste para mim

Força para que o terror das minhas memórias não contaminem os corações dos que acham em mim alguma luz...
minha luz...
Pois minha inocência... Oh, coitada, foi tão cedo...
Deus me livre, tenho medo de norrer dependurado numa cruz

Um comentário:

Vanessa disse...

da janela lateral, do quarto de dormir...
vejo uma igreja um sinal de glória, um muro branco e um voo pássaro, uma grade um velho sinal
mensageiro natural, de coisas naturais, quando eu falava dessas cores mórbidas, quando eu falava desses homens sórdidos, quando eu falava desse temporal...

cavaleiro marginal, banhado em ribeirão, cavaleiro negro que viveu mistérios, cavaleiro e senhor de casa e árvores, sem querer descanso nem dominical...


cavaleiro marginal, banhado em ribeirão,conheci as torres e os cemitérios, conheci os homens e seus velórios, eu olhava da janela lateral do quarto de dormir...

só isso, simples assim...