
Sorrateiramente...
como uma serpente...
intermitentemente...
chega a mim como uma brisa que traz perfumes que me lembro bem
Meu Pai... que aventuras sem fim trouxe do centro do Brasil
hoje...
Numa cama, cérebro parcialmente inativo...
um definhamento lento e doloroso...
Sinto a vibração de teu corpo, meu pai
E tua angústia...
tua depressão por não mais poder voar nos ventos da liberdade
Sinto tuas lágrimas...
mesmo aqui a distância...
Ironicamente tu me ensinou a sair do corpo...
... e voar, até onde quiser.
Me ensinou os segredos de levar a mente além do corpo
a voar em mundos paralelos, caminhar em dimensões, falar com fantasmas, subjulgar qualquer demônio...
Com o que me ensinou, minhas asas me levam a ti, nos mundos que só nós conhecemos
Só para te ver sofrer... acorrentado nos cabelos da dama que te chama ao destino que se adia...
Rachando como pintura clássica em parede de santa igreja
Pai eu menti... a força que eu finjo ter para te convercer a não desistir não é absoluta
Não sou tão forte quanto eu quero que sejas para lutar contra o destino
Não sou desprovido de medo, pois mesmo sendo tú ave livre tenho medo de que partas definitivamente...
Não quero que sofras
Pai... tua tristeza e minha...
e mesmo completo... me sinto vazio com tua dor